No dia 2 de março aconteceu mais uma Mesa-Redonda promovida pelo Clube Europeu, desta vez sobre "Os Direitos Humanos na Comunidade LGBTQIA+" e dirigida a alunos de 12º ano, pelo grau de maturidade que o tema exigia.
Com a presença de duas representantes da APAV, Mariana Oliveira e Patrícia Moura, e de dois investigadores do CES (Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra), Gustavo Borges Mariano e Ana Lúcia Santos, decorreu com um grande grau de concentração e respeito por parte dos alunos (uma palavra de agradecimento aos professores que disponibilizaram a sua aula para os acompanhar!) face a uma temática tão pouco falada nas escolas e de tão premente necessidade, dado o grau de preconceito que move muitos crimes de ódio contra esta comunidade.
Dada a impossibilidade da presença de representante da ILGA Portugal, a histórica associação que a representa no nosso país, coube à coordenadora do Clube Europeu fazer uma breve sensibilização ao tema e respetiva resenha histórica.
O primeiro orador, Dr Gustavo Borges Mariano, investigador do CES, apresentou uma perspetiva de olhar para a história da humanidade de uma forma mais inclusiva, pois a que nos é habitualmente oferecida provém da visão maioritária da heterossexualidade, tendo esclarecido alguns conceitos básicos, mas por vezes pouco conhecidos e ainda menos entendidos, como 'cisgénero' ou 'transgénero'.
Foi uma intervenção desassombrada e algo corajosa até, num ou noutro momento em que utilizou exemplos de caráter mais gráfico, que serviu para sensibilizar para o tanto que está envolvido na vivência, individual e coletiva, desta comunidade, desde os crimes de amputação praticados durante tanto tempo, às dificuldades práticas e económicas para operações de mudança de sexo ou à perseguição, em geral, de pessoas com diferentes tipos de orientação sexual.
A segunda oradora, Drª Ana Lúcia Santos, investigadora do CES, optou por nos ajudar a refletir sobre o confronto entre o enquadramento legal já existente no nosso país - de proteção dos direitos humanos nesta comunidade - e a realidade prática das suas vivências.
Assim, à pergunta "que mais direitos é que vocês querem?!", respondeu "queremos todos" [que todas as pessoas têm e devem ter], nem que seja poderem andar de mão dada com a namorada (ou namorado com namorado) na rua, sem temor de serem achincalhados, insultados ou perseguidos.
Trouxe exemplos claros de discriminação, mas também da mentalidade ainda conservadora que existe, que provocaram grande adesão da assistência e, no conjunto, foi uma intervenção muito útil até para chamar a atenção para que mesmo os direitos já conquistados podem ser sempre revertidos - "se fosse na Hungria de hoje não poderia estar aqui" [a homossexualidade foi declarada como crime pelo atual regime] - atenção e luta são necessárias.
Coube às representantes da APAV (Coimbra), Drª Mariana Oliveira e Drª Patrícia Moura, jurista e psicóloga, respetivamente, fazerem uma apresentação dos serviços da APAV e do enquadramento legal a que membros da comunidade podem recorrer no caso de serem vítimas de homofobia, transfobia, violência doméstica no seio do próprio casal homossexual, etc.
Partilhando os contactos da APAV, ficou bem claro o acompanhamento que estes profissionais executam no apoio a vítimas, também desta comunidade, pelo que foi um contributo precioso para este evento.
Para finalizar, foto de um grupo muito bem disposto, mesmo que... o tempo para perguntas tivesse sido quase nenhum! Obrigado aos alunos por terem ficado 10 minutos do intervalo!
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